ENUNCIAÇÃO AFORIZANTE E PANAFORIZAÇÃO: O CASO DOS MEMES POLÍTICOS
memes; Enunciação aforizante; Enunciação textualizante; Destacabilidade; Panaforização.
O desenvolvimento da Internet e a criação das Redes Sociais aproximaram as pessoas e propiciaram uma mudança significativa não só nas formas de comunicação humana, mas também nos textos que são alterados para circular nesse ambiente virtual. Dentre esses textos oriundos das novas tecnologias o meme nos chama a atenção dada a sua pluralidade quanto à forma, às temáticas abordadas e, sobretudo, ao fato de ser um discurso que representa as múltiplas vozes das mais diversas esferas sociais. Todos, independente de crenças, ideologias, orientação sexual, classe social ou faixa etária, podem compartilhar e até mesmo produzir memes. Tendo isso em vista, escolhemos os memes como objeto de estudo, uma vez que a nossa pesquisa está inserida a área de Linguística Aplicada e essa área tem especial interesse em discursos não oficiais. Como o meme apresenta formas variadas e veicula diversas temáticas, tivemos que fazer escolhas para delimitar o corpus. Assim, selecionamos os memes imagéticos de cunho político. Nossa intenção, contudo, não reside em uma análise da temática abordada, mas do aspecto estrutural desse tipo de enunciado. Nessa direção, objetivamos identificar como se dá a relação entre a concepção de aforização (enunciados aforizantes) e gêneros discursivos (enunciados textualizantes) na formação dos memes imagéticos, com o propósito de (i) analisar se os memes imagéticos podem ser considerados gêneros discursivos; (ii) observar se todos os memes analisados são constituídos por enunciados aforizantes; (iii) distinguir os tipos de aforização presentes nos memes analisados. Assim, essa pesquisa fundamenta-se, sobretudo, nos postulados de Maingueneau (2010, 2013, 2014, 2015) e de Bakhtin (2006). Buscamos ainda contribuições nos estudos sobre humor (BAKHTIN, 1985; BERGSON, 1900; MUNIZ, 2016; FREUD, 1905; POSSENTI, 1998, 2010; TRAVAGLIA, 1989; entre outros), sobre gêneros digitais (MARCUSCHI et al., 2005), internet e redes sociais (CASTELLS, 2003; LEVY, 1999; RECUERO, 2009) entre outros aspectos, a fim de que a compreensão acerca do universo que circunda esse tipo de texto seja ampliada.