Relativa livre introduzida por QUEM: uma interpretação funcionalista
Relativa livre. Linguística Funcional Centrada no Uso. Aspectos formais e funcionais
Neste trabalho, investigo a oração relativa livre introduzida por quem, no Português Brasileiro (PB) escrito, identificando suas características morfossintáticas e questões de natureza semântica, cognitiva e discursivo-pragmática implicadas na sua constituição e em suas instâncias de uso. O banco de dados desta pesquisa compõe-se de textos extraídos do conjunto de corpora do projeto Para a História do Português Brasileiro (PHPB), particularmente, anúncios de jornais e cartas particulares que circularam no Brasil ao longo do século XIX. Em relação à fundamentação teórica, apoio-me no arcabouço da Linguística Funcional Centrada no Uso, conforme caracterizada em Furtado da Cunha, Bispo e Silva (2013). Do ponto de vista metodológico, trata-se de uma investigação eminentemente qualitativa, com suporte quantitativo; em relação aos objetivos, caracteriza-se como uma pesquisa descritivo-explicativa. Resultados preliminares indiciam que, do ponto de vista formal, essa estrutura atua tanto no escopo do sintagma verbal quanto do sintagma nominal, assumindo sintaticamente relações gramaticais de natureza argumental, completiva e adjuntiva; além disso, nesse tipo de oração, o quem perde algumas propriedades de pronome relativo. Do ponto de vista semântico, os elementos componentes dessa oração formam uma unidade de caráter nominal, cujos traços são [+ANIMADO], [+HUMANO], [+-DEFINIDO] e [+-GENÉRICO]; no âmbito discursivo-pragmático, ao uso dessa estrutura subjaz o princípio de iconicidade, além de questões sociointeracionais.