AS CONSTRUÇÕES (Y)XV(S) EM CARTAS PESSOAIS BRASILEIRAS DOS SÉCULOS 18, 19 E 20
Construções (Y)XV(S); Cartas Pessoais; Português Brasileiro; Estudos Diacrônicos.
Em consonância com uma proposta de interface teórica entre a Teoria da Variação e Mudança (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 1968) e a Teoria dos Princípios e Parâmetros (CHOMSKY, 1981; 1986), mais especificamente, o modelo de competição de gramáticas (KROCH, 1989; 2001), segundo o qual a variação e a mudança nos domínios sintáticos constituem um processo gradual que se desenvolve via competição entre diferentes gramáticas, descrevemos e analisamos as construções (Y)XV(S) em orações principais finitas não dependentes de cartas pessoais brasileiras dos séculos 18, 19 e 20. As cartas, em sua maioria, integram a coletânea de fontes para o estudo do português – Cartas Brasileiras e, de forma menos representativa, o corpus mínimo comum manuscrito do Projeto da História do Português Brasileiro no Rio Grande do Norte (PHPB-RN). O nosso foco foi a observação da natureza dos constituintes pré-verbais em construções (Y)XV (com um ou mais constituintes em posição pré-verbal), com uma atenção especial sobre o posicionamento do sujeito. Nosso estudo procurou constatar quais são os padrões empíricos da ordenação que envolvem as construções (Y)XV(S) e como esses padrões se estruturam sintaticamente dentro de uma perspectiva teórica formal. A nossa pesquisa teve como embasamento os diversos estudos diacrônicos acerca dos padrões de ordenação do português e do estatuto teórico que rege esses padrões: Ambar (1992), Ribeiro (1995; 2001), Paixão de Sousa (2004), Paiva (2011), Coelho e Martins (2012) etc. Os resultados da análise preliminar de 15 cartas mostraram que de um total de 117 dados, mais da metade deles (57%) apresenta um constituinte pré-verbal (contíguo ou não) que não é representado por um sujeito. Sendo assim, acreditamos que isso pode ser um indício da existência de padrões de ordenação associados a diferentes gramáticas, já que no PB, a partir do século 18, inicia-se um aumento da ordem SV(O), a exemplo do que foi apresentado por Coelho e Martins (2012). Tais gramáticas (com seus respectivos padrões) constituem, provavelmente, um reflexo das construções YXV e XV, tendo em vista que estas parecem condicionar a ordem SV (sujeito em posição pré-verbal) e XV (constituinte pré-verbal não realizado por um sujeito), respectivamente.