ESTUDO DO EFEITO DE COSSOLVENTES NA INTERAÇÃO DO BENZNIDAZOL COM CICLODEXTRINAS E NA ATIVIDADE BIOLÓGICA DO FÁRMACO
benznidazol; ciclodextrinas; complexos multicomponentes; trietanolamina; metil-1-pirrolidona-2; liofilização; viabilidade celular
O benznidazol (BNZ) apresenta baixa solubilidade aquosa, o que limita a sua
biodisponibilidade e o desenvolvimento de formas farmacêuticas que permitam uma
maior adesão dos pacientes ao tratamento da Doença de Chagas. A proposta do
presente trabalho foi ter acesso aos mecanismos de interação deste fármaco com a
beta-ciclodextrina (βCD), hidroxipropil-beta-ciclodextrina (HPβCD) e
randomilmetilada-beta-ciclodextrina (RMβCD), na presença e na ausência dos
cossolventes trietanolamina (TEA) e metil-1-pirrolidona-2 (NMP), visando obter um
insumo farmacêutico de maior solubilidade aquosa ou velocidade de dissolução. As
interações em fase líquida foram investigadas usando os diagramas de solubilidade
de fases, o método de Job´s Plot, modelagem molecular e a espectroscopia de RMN
1H. Os complexos em fase sólida, preparados por liofilização e mistura física, foram
submetidos ao ensaio de dissolução, e as interações entre os constituintes foram
acessadas por ensaios de FTIR, DRX, MEV, AFM, BET, DSC e TG. A citotoxicidade,
dos diferentes complexos foi analisada em células Vero E6 e eritrócitos. A RMβCD
foi a mais eficaz no aumento da solubilidade aquosa do BNZ, na ausência de TEA e
NMP (13,8 vezes maior). O BNZ insere-se preferencialmente na cavidade das CDs
através da sua porção aromática. A TEA e a NMP modificaram a estrutura e a
espontaneidade da formação dos complexos. Das amostras em fase sólida, a maior
eficiência de dissolução foi conseguida para os complexos liofilizados, em particular
para o BNZ:HPβCD:TEA . As análises de FTIR, DSC e TG confirmaram a formação
dos complexos de inclusão para as associações liofilizadas e evidenciaram
diferentes interações entre os compostos quando os cossolventes estão presentes.
A TEA e a NMP foram capazes de modificar o aspecto, rugosidade, porosidade e
área de superfície das partículas. Os estudos de viabilidade celular e hemólise
revelaram maior citotoxicidade para os complexos BNZ:RMβCD L,
BNZ:RMβCD:TEA L e BNZ:HPβCD:TEA L, porém todos os complexos mostraram-se
seguros para realização de estudos in vivo. Os resultados experimentais mostraram
a contribuição dos cossolventes na dissolução do BNZ, e evidenciaram os
mecanismos pelos quais a TEA e a NMP atuam, juntamente com as ciclodextrinas,
para a obtenção de um novo e promissor excipiente.