BARBÁRIE ECOLÓGICA, DIREITO À SAÚDE E DENGUE: (des) configurações de uma doença socioambiental na cidade do Natal/RN
Dengue. Condições socioambientais. Crise do capital. Saúde Coletiva. Determinação Social
Esta dissertação tem como objetivo analisar criticamente a relação entre ocorrência do dengue e as condições socioambientais no município de Natal-RN. Sua preocupação central consiste em investigar em que medida a politica de saúde adotada para o combate ao dengue (des) considera como enfermidade socioambiental no modelo hegemônico de seu (des)controle no cenário potiguar. O processo investigativo combinou pesquisa bibliográfica, documental e pesquisa de campo. A Pesquisa bibliográfica possibilitou a apreensão de categorias teóricas e empíricas. A pesquisa documental, consistiu na análise acerca de notícias veiculadas por mídias locais e/ou nacionais, dados do IBGE e documentos produzidos pela Prefeitura do Natal. A pesquisa de campo foi efetivada por meio da técnica de grupo focal (GF) composto por Agentes de Controle de Endemias (ACE) representantes dos 5 (cinco) diferentes distritos sanitários (DS) da cidade do Natal sendo dois oriundos do DS Leste, totalizando 6 (seis) ACE, além de 1 (um) supervisor técnico do Centro de Controle de Zoonoses. Constatou-se que tais profissionais de saúde atribuem à falta de consciência sanitária como um dos principais entraves para o controle do dengue. Ficou evidenciado que apesar de iniciativas nas medidas de controle do dengue buscarem ir além do setor de saúde, as ações direcionam-se para ações emergenciais. E, principalmente que há forte focalização no “combate ao mosquito” e a reiteração da “culpabilização” do indivíduo por seu adoecimento. Constatou-se que o abastecimento intermitente de água, coleta de esgoto e coleta de resíduos sólidos são determinantes para o fenômeno do dengue em Natal. Conclui-se que a a politica de saúde implementada no município do Natal desconsidera a realidade socioambiental e as macrodeterminações do capital desprezando tais elementos para apreensão do dengue, portanto ignora que tais determinações repercute no aprofundamento da ruptura da dinâmica harmônica entre humanidade e o restante da natureza agravando o cenário de barbárie socioambiental.