A LEITURA DE LITERATURA NA ESCOLA: POR UMA EDUCAÇÃO EMOCIONAL DE CRIANÇAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL.
Conflitos emocionais. Desenvolvimento emocional. Formação do leitor. Leitura de literatura.
Esta dissertação investiga as contribuições da leitura de literatura infantil na
problematização das experiências e conflitos emocionais de crianças de
educação infantil. Sua relevância consiste em oferecer subsídios ao trabalho
pedagógico com a leitura de literatura nas séries iniciais, com o intuito de
ampliar a competência do professor para explorar o texto literário em sua
natureza problematizadora e enriquecedora das experiências e conflitos
emocionais da criança. Respalda-se, metodologicamente, nos princípios da
pesquisa qualitativa, caracterizando-se como um estudo de caso. A pesquisa
realizou-se em uma turma de nível V de educação infantil, com 28 alunos de
faixa etária de 5 e 6 anos de idade, em escola pública de Natal-RN (Brasil). Os
instrumentos utilizados foram: gravação em áudio, diário de campo, entrevistas.
As aulas realizadas se constituíram em 17 sessões de leitura de contos
clássicos, contemporâneos, fábulas e lendas, com a utilização de diferentes
estratégias didáticas. Essas sessões foram desenvolvidas conforme a
experiência de leitura por andaime (scaffolding), descrita por Graves & Graves.
Tomou-se como referencial teórico os estudos de Amarilha (1997/ 2006),
Bettelheim (2004), Coelho (1987/2000), Damásio (2005), Del Nero (2003), Eco
(1994/2006), Held (1980), Iser (1996), Jauss (2002), Stierle (1979), Wallon
(2007), Telles (2006), Yunes (2003), Zilberman (1987). As análises assinalaram
que a leitura de literatura em sala de aula se constituiu como um território
privilegiado de inclusão da subjetividade do leitor, das suas experiências
emocionais e de seus conflitos na trama da história, de forma a auxiliar as
crianças a refletirem e se apropriarem de estratégias para lidar com sua
realidade interior. Evidencia a leitura literária como atividade experiencial e
formativa, que auxilia a criança a compreender sua realidade emocional,
através do processo de identificação, exteriorização e catarse, em que a
experiência estética, proposta pelo texto, propicia ao leitor o autoconhecimento,
ampliando a percepção sobre sua realidade interior e exterior e lhe oferecendo
capital emocional para lidar com as adversidades da vida. É salutar destacar
que as discussões propostas em sala de aula se configuraram como campo de
confronto de experiências, em que os leitores tiveram a possibilidade de
compartilhar suas vivências, suas dores e seus sofrimentos com outros que
experienciaram os mesmos problemas, auxiliando-os na construção de
estratégias que melhor orientem sua atuação sobre o meio.