Sentidos de participantes sobre a formação para professores da educação infantil no contexto do PNAIC/RN (2017/2018)
Educação Infantil, Formação continuada, Pnaic 2017.
Esta pesquisa tematiza a formação de professores(as) da Educação Infantil no contexto do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) desenvolvida no estado do Rio Grande do Norte (RN) no período de outubro de 2017 a maio de 2018. No curso das mudanças políticas, a inclusão da Educação Infantil na edição do Pnaic (2017/2018) torna-se um “arranjo” como resposta as reivindicações da área, contudo, essas mudanças, além de desconsiderar o percurso de construção de uma formação, que contou com uma pesquisa interinstitucional sobre o lugar da linguagem oral e escrita na Educação Infantil, com intenso debate acadêmico entre o MEC e universidades públicas, provocou controvérsias na área e preocupação de uma possível antecipação para crianças de 0 a 5 anos de experiências específicas do Ensino Fundamental. Nesse contexto, o objetivo do nosso trabalho foi investigar sentidos atribuídos por participantes – formadores e cursistas – à formação para professores da Educação Infantil desenvolvida no contexto do Pnaic/RN (2017/2018). Conhecer esses sentidos/interpretações é crucial para construção das políticas, para refleti-las e apontar aspectos que podem contribuir para a compreensão de seus efeitos, de seus desdobramentos e de suas reconfigurações. Consideramos neste estudo que a Educação Infantil tem por finalidade promover o desenvolvimento integral (BRASIL, 1996; 2009), respeitando as características “do ser criança” - ludicidade, imaginação e criação - e as especificidades da infância (KRAMER, 2005; 2006; 2011 e 2013). O trabalho com a leitura e escrita constitui-se a partir de uma perspectiva de escrita como linguagem, produção de sentidos, na qual o seu uso nas interações concretas designa as suas diferentes funções e modos de utilização/produção (BAPTISTA, 2010; SMOLKA, 2012). Compreendemos que os processos formativos, não se constituem processos homogêneos e nem lineares, por isso, nos ancoramos em Lopes (2004, 2013), Nóvoa (1995, 2002, 2017); Sarmento, T. (2002, 2009, 2021), para compreender que a formação/constituição do ser professor abrange todas as interações de sua história de vida, em especial aquelas que dão sentido às suas escolhas, às suas práticas e que se constituem em diferentes instâncias e espaços formativos. E ainda, ancoradas nos fundamentos da abordagem histórico-cultural de Vigotski (1896- 1934) para pesquisa sobre processos humanos e nas proposições do dialogismo de Mikhail Bakhtin (1895-1975) desenvolvemos uma pesquisa de natureza bibliográfica e empírica, utilizando como procedimentos de construção dos dados a pesquisa documental e a entrevista semiestruturada individual com 16 participantes, sendo 04 formadoras regionais, 03 formadoras locais e 09 cursistas. Na interlocução entre o “eu” e os “outros” em um processo dialógico de produção de sentidos possíveis, pelo lugar que cada uma ocupa, sobre o vivido, buscamos analisar eixos concernentes aos processos de significação, a adesão, ao contexto e as estratégias formativas, e ainda, sobre o trabalho pedagógico com a leitura e a escrita e as possíveis limitações da formação. Esses sentidos – modos singulares de apropriaçãosignificação por parte dos participantes – nos dão pistas para repensar os modelos e práticas de formação continuada, e que estes precisam ser alicerçados na reflexão e interação com os pares sobre questões pertinentes a própria prática.