MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: EXPERIÊNCIAS VIVENCIADAS E SENTIDOS ATRIBUÍDOS POR CRIANÇAS
Criança. Infância. Educação Infantil. Música. Experiências. Sentidos infantis.
Esta dissertação consiste na apresentação dos resultados de uma pesquisa realizada em um Centro Municipal de Educação Infantil localizado em um bairro situado na Zona Norte do Natal/RN. A pesquisa foi realizada com crianças com idades de cinco anos e a professora de uma turma de nível IV. O estudo tem como objetivo: analisar experiências e sentidos atribuídos à música por crianças na Educação Infantil. Sua elaboração está embasada nas seguintes premissas: a) A música é uma prática artístico-cultural do mundo dos seres humanos; b) A música na educação escolar da infância; c) A presença da música na cultura da infância e na educação infantil brasileira. A pesquisa busca responder ao problema: Em que situações as crianças vivenciam a música na Educação Infantil e que sentidos elaboram sobre essa linguagem-arte? O estudo fundamentado numa abordagem qualitativa, de inspiração etnográfica, abarcou os seguintes procedimentos metodológicos: observações do tipo semiparticipativas e entrevistas individuais do tipo semiestruturadas. Assumiu como aportes teórico-metodológicos os princípios da abordagem histórico-cultural de Lev Semenovich Vigotski acerca dos processos humanos e as proposições do dialogismo de Mikhail Bakhtin para a pesquisa nas Ciências Humanas, segundo os quais, os estudos não analisam objetos estáticos, mas processos; compreendendo-os como permanente construção de movimento/mudança; resultantes de relações; que as ações e relações entre os
humanos são produções discursivas – de linguagem; e o objeto de investigação (um sujeito com voz) é o texto; a linguagem é o objeto e o método; e o que se produz são discursos-textos em interações pesquisador e pesquisados (coprodutores). A construção e análise dos dados demonstraram que: a música, enquanto prática da cultura é experimentada e significada pelas crianças no cotidiano escolar em situações: 1) mediadas pela professora, com o intuito de: a) regulação/controle do comportamento; b) ensino de conteúdos escolares e datas comemorativas; 2) produzidas pelas crianças, tendo como fio condutor: a brincadeira. Embora as
situações mediadas pela professora não contemplassem a música como conhecimento sonoro-artístico e cultural, mas um mecanismo de controle das ações do coletivo infantil e recurso de aprendizagem dos conteúdos escolares e datas comemorativas; as crianças, por meio da brincadeira vivenciavam a música de diferentes modos, de acordo com os seus desejos: reinventando e parodiandocanções, improvisando e imitando sons de instrumentos musicais; as crianças produziram sentidos múltiplos em relação à música, organizados em centros-eixos de sentidos: 1) Prática religiosa; 2) Artistas e produções musicais infantis e 3) Sentimentos e sensações. A principal contribuição deste estudo situa-se na compreensão de que a música é uma prática cultural que as crianças apreciam, vivenciam e desenvolvem nos contextos escolares, e, que, portanto deve ser pensada, planejada e efetivada não como um recurso pedagógico restrito à organização do espaço e tempo da EI, mas como uma atividade cultural quedesenvolve nas crianças o sentimento estético e potencia as funções psicológicas culturais, promovendo o desenvolvimento integral delas.