UMA CARRADA DE SONHOS: DO BAÚ DE aNTÔNIO PARA A SALA DE AULA
Antônio Francisco, cordel, fruição, lirismo, Eja, oralidade, ensino.
Atualmente se tem percebido nas universidades uma busca em aproximar o gosto erudito do popular. Qual a razão para que haja essa aproximação? Durante um longo tempo o texto poético obteve bastante prestígio no interior da sala de aula. Em seguida, percebeu-se um distanciamento do texto literário e optou-se por textos mais cotidianos, mais simplificados. E quando se falava em poesia, ela adquiria um valor puramente didático. No entanto extrair da poesia o seu lirismo, a sua beleza estética é contemplá-la no seu aspecto de fruição. Como exemplo de poesia lírica, nada mais genuíno do que falar na literatura de cordel, a qual possui uma linguagem simples, que não deve ser confundida com simplista e de uma riqueza imagética inigualável. Quando se fala em literatura, enfatizam-se os clássicos, os nacionais e os estrangeiros também. E a literatura regional é deixada à margem. Refletindo sobre essas questões, pensou-se em um projeto que procurasse resgatar a poesia de cordel, por ser uma literatura que bebe na fonte do popular e é primordialmente oral; é uma poesia significativa, que atrai o leitor-receptor, por trazer consigo a dialogicidade, a polifonia. Foi escolhido o poeta Antônio Francisco, que por seu lirismo e poeticidade tem sido considerado um dos melhores poetas populares do Rio Grande do Norte. A experiência com cordéis terá lugar em uma turma do 5º período da Eja. O trabalho está pautado na estética da recepção de Iser e Jauss. No que se refere ao estudo da poesia, citamos Cândido e Bosi; Quanto às orientações teórico-metodológicas nos pautamos em Gebara, Chiappini e Kleiman. E quanto ao aspecto formal do texto podemos citar Cara e Goldstein. Tornou-se nítido durante o percurso que é necessário trazer o popular para dentro da sala de aula a fim de aproximar o texto literário do aluno-leitor de poesia, promovendo, entre texto e leitor, um sentimento de empatia, o que facilitará a compreensão leitora do aluno ejeano. Quando o texto é lido em voz alta, ele adquire vida, afasta-se do universo particular e adquire âmbito social.