O ser do sensível como matriz do pensamento: filosofia e arte em Gilles Deleuze
Pedagogia dos sentidos; Empirismo transcendental; Literalidade; Pedagogia do conceito
Partimos da seguinte proposição: para a filosofia de Gilles Deleuze toda Ideia é imediatamente estética. É possível pensar uma relação “não mediada” entre as Ideias e a sensação: a sensação é a matriz do pensamento. Tal proposição encontra sua sutentação na medida em que Deleuze extrai do encontro entre a filosofia e a arte uma concepção de gênese do pensamento através da experimentação. Tanto a filosofia quanto a arte possuem suas próprias Ideias criativas e modos específicos de atualizar esssas Ideias, mas ambas estão diretamente relacionadas com as sensibilia ou qualidades sensíveis. Nosso intuito é o de mostrar como a filosofia passa a ter como imprescindível a capacidade da arte de nos pôr em contato com as diferenças no sensível, o que Deleuze chama de empirismo transcendental sob duas implicações fundamentais: 1) a violência de encontros involuntários que tornam nossas faculdades discordantes, como uma crítica ao modo dogmático de pensar dominado pela representação; 2) a pesquisa filosófica como um modo de aprendizado que põe o pesquisador em relação com elementos de uma vitalidade pré-individual. Propomos dividir nosso trabalho em duas etapas: uma pedagogia dos sentidos e uma pedagogia do conceito. Na primeira, fazemos uma genealogia da linhagem filosófica imanentista que engendra a concepção deleuziana de ser do sensível e de empirismo transcendental. Na segunda, investigamos as relações entre arte e filosofia em seus atos de criação.