Uma classe lulista? Ascensão social, trabalho e voto nas eleições presidenciais brasileiras (2002-2010)
eleições presidenciais; comportamento eleitoral; Partido dos Trabalhadores; classe trabalhadora.
Durante a década de 2000, frente aos inéditos êxitos eleitorais de candidaturas do Partido dos Trabalhadores nas disputas à Presidência da República, o campo dos estudos eleitorais no Brasil produziu uma nova agenda analítica. Para compreender a composição da base de apoio eleitoral petista, principalmente após a reeleição de Lula em 2006, as pesquisas se embasaram em elementos diversos: do peso político de programas como o Bolsa Família ao comportamento eleitoral pragmático de camadas do eleitorado, do “lulismo” à influência dos escândalos políticos no comportamento eleitoral. O presente trabalho dialoga criticamente com tal agenda, absorvendo suas principais contribuições, mas centrando seus esforços de pesquisa na principal lacuna por ela deixada: a análise do comportamento eleitoral da classe trabalhadora em ascensão. Para tanto, partindo de análises macrossociológicas baseadas em dados agregados por território (com o município como unidade de análise) serão investigadas as possíveis associações entre a escolha eleitoral por candidatos petistas à presidência, entre 2002 e 2010, e as clivagens sociais relacionadas ao trabalho formal assalariado.Em acréscimo, dados em escala individual, presente em suveys de amplitude nacional, como o ESEB, serão utilizados para embasar a hipótese de que tal parcela do eleitorado, a partir da ascensão social experimentada, tenderam a mobilizar critérios de avaliação governamental retrospectiva que, majoritariamente, levaram a escolhas eleitorais em favor de Lula (em 2002 e 2006) e Dilma Rousseff (em 2010).