OS EMPODERADOS DA AGRICULTURA FAMILIAR: CAPITAL SOCIAL NOS TERRITÓRIOS DO SERIDÓ E DO SERTÃO DO APODI/RN
habitus. Campo. Capital social. Agricultura familiar.
A defesa de onde reside a primazia da explicação sociológica é alicerçada no debate entre objetivismo e subjetivismo na construção da realidade social, revelando-se algo que ainda tem consumido grande tempo de trabalho dos mais variados estudiosos das ciências humanas e sociais. O francês Pierre Bourdieu possui uma vasta e rica obra que busca avançar em relação aos aportes teóricos das tradicionais explicações sociológicas. A abordagem de Bourdieu em relação às práticas sociais é apontada por alguns pesquisadores como síntese das teorias clássicas e por outros como uma tentativa de complexificar os estudos contemporâneos sobre o significado da vida social. A presente Tese compartilha do esforço para compreender as práticas sociais dos agentes; nessa perspectiva, tem como objetivo analisar as estratégias de inserção social e política das lideranças da agricultura familiar nos territórios do Seridó e Sertão do Apodi no Rio Grande do Norte. Apresenta como referencial os conceitos teórico-metodológicos de habitus, campo e capital em Bourdieu. Para tanto, foram estudadas as trajetórias sociais das lideranças, aqui chamadas de agentes da agricultura familiar, em dois territórios potiguares. Recorreu-se, como técnicas e procedimentos de estudo, a entrevistas semiestruturadas, observações, participação em eventos e a outras pesquisas já realizadas pelo autor da presente Tese. Como conclusão, aponta para a construção de dois campos relacionais diferentes para a atuação dos agentes da agricultura familiar nos territórios Seridó e Sertão do Apodi. Apesar de os campos relacionais nos territórios terem sido estruturados sob as mesmas instituições prevalecentes, quais sejam, igreja, sindicato e partido político, a prática social dos agentes se mostra orientada a partir de posicionamentos sociais e políticos variados. Mesmo com as semelhanças e diferenças identificadas e analisadas na construção dos diferentes campos, as relações sociais dos agentes nos territórios resultam na construção de comunidades fechadas de um capital social que tem como substrato o que os próprios agentes chamam de “empoderados”.