GÊNESE DOS TERRAÇOS MARINHOS E RECUO DE GELEIRAS NA PENÍNSULA BYERS, ANTÁRTICA MARÍTIMA
Ambiente glacial; Sensitividade climática, Recuo de geleiras; Glacio-eustáticos; Glacio-isostáticos; Terraços marinhos.
O ambiente glacial, enquanto um cenário de alta sensitividade climática, é palco de processos que alteram drasticamente a paisagem num curto intervalo temporal: recuo de geleiras, mudanças no padrão de precipitação, aumento da duração do período de verão e ampliação de áreas livres de gelo. Nessa conjuntura, a Antártica marítima, cenário de alta suscetibilidade às mudanças climáticas está sujeita a flutuações isostáticas-eustáticas, que envolvem o aumento do nível do mar e culminam na formação de gradientes temporais de desenvolvimento dos solos, representantes do recuo horizontal e vertical das geleiras. Esses processos se traduzem em feições como superfícies crioplanadas, praias e terraços marinhos, que acumuladas ao longo dos anos contam a história de evolução da paisagem. A gênese dos terraços marinhos em ambientes glaciais está ligada a interação dos processos glacio-eustáticos e glacio-isostáticos. Em costas tectonicamente ativas, terraços marinhos são formados pelos efeitos combinados da erosão das ondas, soerguimento tectônico e oscilações do nível do mar em escalas de tempo do ciclo glacial. Os solos de terraços marinhos em Byers são arenosos, hipereutróficos e com dominância granulométrica da fração areia média entre seus horizontes. Os perfis possuem um grau de seleção quase que 100% padronizado, com frações de areia moderadamente selecionadas, indicando um ambiente de moderada movimentação energética, com exceção de P13 (próximo a geleira Rotch Dome), representando um ambiente de menos movimentação energética (pobremente selecionado). Os solos retrataram várias evidências de descontinuidades e uma cronossequência de solo quaternária, evidenciando a existência de vários ciclos de deglaciação/glaciação e sucessivas elevações isostáticas antes mesmo do período Holoceno, no Pleistoceno tardio (como P13 datando de 16.500 ano cal AP), resultando em vários níveis de terraços marinhos elevados.